Dourado dá o “Ponta Pé” inicial contra as drogas

Dourado dá o “Ponta Pé” inicial contra as drogas
Juninho Rogante e João Blota na luta contra as drogas em Dourado (Foto: Lucas Castro/RB Na Rede)

Campanha de prevenção ao consumo e venda será realizada na cidade

Lucas Castro

A cidade de Dourado dá um importante passo para combater as drogas no município. Na manhã desta segunda-feira (30) uma reunião entre o prefeito Luiz Antonio Rogante Junior (PP), Juninho Rogante, e o empresário João Blota selou uma parceria na luta contra este mal.
Em uma conversa reservada, João Blota, que conviveu 12 anos na dependência química, apresentou ao prefeito uma campanha que visa combater o consumo e o tráfico de drogas no município.
Durante explanação, foi apresentado todo o procedimento para que o plano tenha sucesso e Dourado se torne referência no assunto de combate às drogas.
A campanha institucional terá adesivos, panfletos, camisetas, cartilhas, e até um quadro onde a população poderá assinar e mostrar que também está junto nessa luta. O lema proposto e que certamente acabará sendo utilizado é “Todos contra as drogas”.
João Blota contou ao prefeito Juninho Rogante que tomou conhecimento da situação apresentada em relação às drogas na região ao acompanhar as matérias do Portal RB Na Rede.
Logo após a apresentação, Juninho Rogante gostou e prontamente apoiou a ideia. “É com prazer que aceitamos uma campanha desta aqui em Dourado, que, com certeza irá auxiliar a todos, usuários, parentes e até mesmo espantar os traficantes da cidade”, ressaltou.
O plano também conta com uma marcha contra as drogas, palestras e em breve acontecerá o lançamento oficial.
O empresário João Blota viveu boa parte da sua vida no mundo das drogas e conseguiu dar a volta por cima e vencer este mal. Hoje ele diz que tem uma dívida e precisa pagar e com isso palestra gratuitamente contado a sua experiência. “Tenha um dívida e estou pagando as prestações, estava quase morto e consegui vencer”, destacou.
João Blota também é autor do livro “NÓIA”, o qual deu um de presente ao prefeito.
Com a ação, Dourado sai na frente das outras cidades da região na luta contra as drogas.

O Livro NÓIA – João Blota conta sua trajetória de 12 anos de envolvimento com as drogas. Em sua narrativa, João fala que tudo o que indicavam e que poderia produzir “barato”, experimentou. No auge do vício,chegou a fumar 40 pedras de crack em um só dia. Hoje, João é empresário, pai de família que sobreviveu ao mundo das drogas dando a volta por cima.
Por conta do inferno que viveu, quer ajudar a quem necessita. Palestras estão sendo ministradas pelo João com o intuito de alertar os jovens e aos pais, do perigo que está bem próximo, a droga.
O exemplo de coragem do João, aliado a força e perseverança de sua mãe guerreira Dag,é contado pelo próprio João.
Trecho do Livro
Logo na abertura, o choque da verdade:
“… como em tantas outras noites, frias ou quentes, eu estava na bocada, pegando meu suprimento de crack. O barraco ficava na esquina entre dois becos e havia grande movimentação de viciados, aviões e traficantes ”.
A narrativa prossegue descrevendo a “sensação de pânico e terror causada pelo uso do crack”.
Um longo caminho com a morte sempre muito perto. Na descrição, palavras fortes que revoltam e amarguram quando revelam a realidade de quem é dependente do crack. “O medo e a mania de perseguição faziam com que visse a ameaça em toda parte. Ficava horas trancado no quarto, ouvido colado na parede, tentando escutar alguma voz suspeita. Mãos geladas, suando frio, corpo tremendo, um medo devastador que produzia a sombra de uma fera gigantesca, pronta para me devorar”.
Na busca alucinada por crack, chegou a “desmontar seu Passat inteirinho: abri o painel, tirei os bancos, arranquei o forro das portas. E, claro, não havia nada. (…) Cismei que havia uma pedra dentro do dedo e queira arrancá-la de qualquer jeito. Mordia, coçava, até finalmente, pegar uma faca para cortar. Não foi nada fácil à tarefa de me convencer a desistir de arrancar o polegar”.
Durante a internação, a força da mãe: “Passou dois dias sentada junto à cama em que eu estava amarrado para evitar a aproximação indesejada de possíveis agressores. (…) Minha mãe precisou vender uma casinha de praia que possuía em Santos para pagar o valor absurdo das diárias da clínica”.
E nas palavras do autor, uma esperança: “Esta é a saída para quem está perdido: olhar para o lugar de onde veio e receber o carinho e apoio das pessoas que o amam”.

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