Justiça decreta prisão preventiva de suspeitos após conclusão de inquérito sobre morte do prefeito de Ribeirão Bonito
Francisco José Campanare, o Chiquinho Campaner foi assassinado em dezembro de 2019. Advogados do empresário e do vigilante disseram que irão pedir revogação da prisão preventiva
Gabrielle Chagas, G1 São Carlos e Araraquara
A Justiça decretou a prisão preventiva dos suspeitos no assassinato do prefeito de Ribeirão Bonito (SP), informaram os delegados responsáveis pelo caso durante coletiva nesta quarta-feira (19). Francisco José Campaner (PSDB), conhecido como Chiquinho Campaner, foi morto em dezembro do ano passado. O inquérito foi concluído e relatado na segunda-feira (17).
De acordo com o delegado Reinaldo Lopes Machado, o empresário do setor de transporte Manoel Bento Santana da Cruz foi quem atirou contra o carro do prefeito.
Ele e o vigilante Cícero Alves Peixoto, acusado de auxiliar no crime, foram indiciados por homicídio consumado e duas tentativas de homicídio – o chefe de gabinete, Edmo Gonçalo Marchetti, e o amigo do prefeito, Ariovaldo Santarosa, também estavam no carro e foram baleados – triplamente qualificados.
Os dois suspeitos serão transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Araraquara.
Revogação
A advogada de Cícero, Fabiana Calino Luchesi, disse que vai pedir a revogação da prisão preventiva. “Segundo o meu cliente, desde as primeiras declarações dele e todas as oportunidades de ajudar a autoridade policial, foi o Manoel quem cometeu todos os atos de execução”, afirmou a defensora.
Já o advogado do empresário, Reginaldo da Silveira, que assumiu a defesa após a reconstituição do crime, também discorda da conclusão do inquérito.
“A primeira providência a ser pedida é a revogação da prisão preventiva. Tudo indica que ele preenche os requisitos para responder em processo de liberdade. Quanto a acusação de que foi o Manoel que atirou, essa afirmação é única e exclusivamente do Cícero, mas as provas e os autos falam totalmente diferente disso”, afirmou o advogado.
Inquérito
Nesta quarta-feira (19), o delegado afirmou que a Polícia Civil chegou à conclusão de que o empresário atirou devido às características físicas relatadas pelas vítimas que sobreviveram.
“Segundo, as características que passaram para a gente batem com as características físicas do Manoel [Cruz] e não do Cícero [Peixoto]. A pessoa era magra, a cor de pele mais escura, bigode fino e isso nos levou a apontar o Manoel”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, nenhum outro suspeito foi apontado no inquérito. O irmão de Cícero teria conhecimento sobre o crime, mas sua participação será avaliada pelo Ministério Público.
Motivação e pagamento
Segundo o delegado, o empresário arquitetou o assassinato em razão do seu declínio econômico depois que o prefeito Chiquinho Campaner assumiu o cargo.
O inquérito também apontou que a arma do crime foi comprada pelo empresário em São Carlos. O vendedor foi ouvido e acabou assumindo ter vendido para Manoel. Até a conclusão da investigação da Polícia Civil, o revolver não foi encontrado.
Ainda segundo Machado, Cícero não sabia que participaria do assassinato do prefeito, mas sim de um funcionário público.
Para isso, Manoel pagou R$ 350 dos custos da viagem de São Paulo até Ribeirão Bonito e, após a execução, ele receberia um carro Volkswagen.
“Ele [Cícero] realmente se sentiu traído. Ele só ficou sabendo que era o prefeito quando voltou para São Paulo e viu na televisão”, disse.