Justiça decreta prisão preventiva de suspeitos após conclusão de inquérito sobre morte do prefeito de Ribeirão Bonito

Justiça decreta prisão preventiva de suspeitos após conclusão de inquérito sobre morte do prefeito de Ribeirão Bonito
Prefeito de Ribeirão Bonito foi morto a tiros em estrada de terra na tarde de quinta-feira (26) (Foto: Reprodução/EPTV)

Francisco José Campanare, o Chiquinho Campaner foi assassinado em dezembro de 2019. Advogados do empresário e do vigilante disseram que irão pedir revogação da prisão preventiva

Gabrielle Chagas, G1 São Carlos e Araraquara

A Justiça decretou a prisão preventiva dos suspeitos no assassinato do prefeito de Ribeirão Bonito (SP), informaram os delegados responsáveis pelo caso durante coletiva nesta quarta-feira (19). Francisco José Campaner (PSDB), conhecido como Chiquinho Campaner, foi morto em dezembro do ano passado. O inquérito foi concluído e relatado na segunda-feira (17).
De acordo com o delegado Reinaldo Lopes Machado, o empresário do setor de transporte Manoel Bento Santana da Cruz foi quem atirou contra o carro do prefeito.
Ele e o vigilante Cícero Alves Peixoto, acusado de auxiliar no crime, foram indiciados por homicídio consumado e duas tentativas de homicídio – o chefe de gabinete, Edmo Gonçalo Marchetti, e o amigo do prefeito, Ariovaldo Santarosa, também estavam no carro e foram baleados – triplamente qualificados.
Os dois suspeitos serão transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Araraquara.

Revogação

A advogada de Cícero, Fabiana Calino Luchesi, disse que vai pedir a revogação da prisão preventiva. “Segundo o meu cliente, desde as primeiras declarações dele e todas as oportunidades de ajudar a autoridade policial, foi o Manoel quem cometeu todos os atos de execução”, afirmou a defensora.
Já o advogado do empresário, Reginaldo da Silveira, que assumiu a defesa após a reconstituição do crime, também discorda da conclusão do inquérito.
“A primeira providência a ser pedida é a revogação da prisão preventiva. Tudo indica que ele preenche os requisitos para responder em processo de liberdade. Quanto a acusação de que foi o Manoel que atirou, essa afirmação é única e exclusivamente do Cícero, mas as provas e os autos falam totalmente diferente disso”, afirmou o advogado.

Inquérito

Nesta quarta-feira (19), o delegado afirmou que a Polícia Civil chegou à conclusão de que o empresário atirou devido às características físicas relatadas pelas vítimas que sobreviveram.
“Segundo, as características que passaram para a gente batem com as características físicas do Manoel [Cruz] e não do Cícero [Peixoto]. A pessoa era magra, a cor de pele mais escura, bigode fino e isso nos levou a apontar o Manoel”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, nenhum outro suspeito foi apontado no inquérito. O irmão de Cícero teria conhecimento sobre o crime, mas sua participação será avaliada pelo Ministério Público.

Motivação e pagamento

Segundo o delegado, o empresário arquitetou o assassinato em razão do seu declínio econômico depois que o prefeito Chiquinho Campaner assumiu o cargo.
O inquérito também apontou que a arma do crime foi comprada pelo empresário em São Carlos. O vendedor foi ouvido e acabou assumindo ter vendido para Manoel. Até a conclusão da investigação da Polícia Civil, o revolver não foi encontrado.
Ainda segundo Machado, Cícero não sabia que participaria do assassinato do prefeito, mas sim de um funcionário público.
Para isso, Manoel pagou R$ 350 dos custos da viagem de São Paulo até Ribeirão Bonito e, após a execução, ele receberia um carro Volkswagen.
“Ele [Cícero] realmente se sentiu traído. Ele só ficou sabendo que era o prefeito quando voltou para São Paulo e viu na televisão”, disse.