O silêncio cúmplice (Por que os brasileiros não se indignam?)

Dagmar Blota

Luiz Arnaldo Lucato

 

” (…) Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada (…).”

 

Não saberiam os brasileiros reagir à falta de ética e aos crimes praticados por políticos?

Castro Alves: “a praça é do povo como o céu é do condor”.

Onde estão os brasileiros, então, diante de numerosos e proeminentes escândalos? Aprendemos, assim, a aceitar e a conviver com o imoral, com o sujo? Temos tão virtuosa tolerância ao ponto de parafrasear Castro Alves???: “a praça é do povo como o povo é de um partido político”.

João Paulo Cunha e José Genoíno somam juntos mais de 15 anos de prisão. Inobstante, integram a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados (justamente esta, meu Deus!!!!!????). Sem entrar aqui no aspecto jurídico da questão, pois juridicamente eles podem integrar sim, até que haja o trânsito em julgado da decisão condenatória. Mas moralmente é um esculacho, um acinte, uma vergonha indecorosa!

O caso dos mensaleiros (inclua-se no adjetivo: criminosos, corruptores, quadrilheiros – quem afirma é o STF, não nós.) é aqui citado apenas a título de exemplo.

Até onde irá nosso silêncio cúmplice? Até que arramquem nossa garganta?

O que leva a UNE (União Nacional dos Estudantes) a ir à rua para protestar – ATENÇÃO, meus caros! – A FAVOR DOS CRIMINOSOS? O que há por trás disso? Que interesse? Em que país do mundo vemos manifestações de rua a favor do governo? Note, caro leitor, os manifestantes favoráveis são sempre os mesmos: UNE, sindicatos, MST… Sempre engajados na causa do partido dominante. Por quê?

Lamentavelmente a imprensa também não desempenha o papel que lhe cabe numa democracia. Sim, nós sabemos, inúmeros casos só foram parar nas barras dos tribunais em razão de denúncias partidas dos órgãos de imprensa. Mas falamos aqui de valores democráticos e éticos. Dá-se enorme visibilidade aos movimentos de esquerda, mas se ignoram as manifestações em favor do estado de direito e da legalidade. E qualquer voz que se levante em sentido contrário é tratada como reacionária e golpista. Vejam o caso da blogueira Yoani Sanches em visita ao Brasil. Não aceitaram o debate; não aceitaram a discussão. O intento era claro: MANTÊ-LA CALADA!

Meus caros, o silêncio é cúmplice.

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