Rolezinho: questão sociocultural ou caso de polícia?

A nossa Constituição Federal de 1988 assegura o direito de reunião do cidadão, desde que isso ocorra para fins pacíficos. Contudo, o que tem causado polêmica e atraído os holofotes da imprensa é a restrição a esse direito, principalmente em espaços coletivos de propriedade particular

Pedro Papastawridis

Nos últimos dias, ganhou destaque na mídia a questão dos rolezinhos, eventos organizados por grupos de jovens com propósitos lúdicos ou culturais e marcados em espaços coletivos, como praças e shoppings.

Até aí, tudo bem. A nossa Constituição Federal de 1988 assegura o direito de reunião do cidadão, desde que isso ocorra para fins pacíficos. Contudo, o que tem causado polêmica e atraído os holofotes da imprensa é a restrição a esse direito, principalmente em espaços coletivos de propriedade particular. Em algumas situações, como ocorrido em São Paulo, shoppings recorreram à ajuda policial para coibirem alguns desses rolezinhos, sob a legação de que esses encontros estariam afugentando clientes e promovendo depredações a estabelecimentos comerciais.

É sabido que os rolezinhos existem antes mesmo de seu principal catalisador existir: as redes sociais. Afinal de contas, quem nunca combinou de se encontrar com amigos em praças, shoppings, praias e assemelhados? Isso faz parte da essência humana, na medida em que o homem é um ser social, e é no social que costumamos buscar solução aos nossos anseios e inseguranças.

A questão-chave nesses embates entre grupos de jovens e alguns estabelecimentos comerciais é até que ponto o cidadão pode se manifestar social e culturalmente nesses espaços, já que eles pertencem a alguns. Além disso, num momento em que o nosso país está em evidência para o restante do mundo, o que se configura uma oportunidade de novos negócios para os estabelecimentos em questão, esses rolezinhos podem se tornar uma “ameaça” para empresários, políticos e FIFA, na medida em que evidencia uma efervescência social que talvez não agrade ao público mais conservador de uma copa do mundo de futebol.

Sob uma abordagem sociológica, os rolezinhos também representam outra face de uma questão social que passa pela ausência de espaços coletivos em quantidade e qualidade suficiente nas regiões mais carentes das grandes cidades brasileiras, o que leva a população a se reunir em shoppings. Contudo, o que deveria ser encarado pelos empresários como uma oportunidade a mais de negócios, tem sido tratado como uma ameaça, como se a população mais carente não tivesse o direito de se manifestar além de seu estado de sobrevivência.

Por fim, para quem pensa que a repressão ao rolezinho será a solução a problemas socioculturais que acompanham nosso país desde os primórdios da conquista portuguesa, engana-se. Com acesso cada vez maior à informação devido à popularização da Internet, o brasileiro está ficando mais consciente de seu papel como membro de um grupo social, o que, certamente, repercutirá nas ruas e nas urnas entre junho (época de copa do mundo) e outubro (época de eleições). Portanto, se organizações públicas e privadas não se derem conta dessa mudança nas variáveis social e cultural do macroambiente de negócios, o resultado poderá ser fatal à efetividade e, até mesmo, à continuidade de algumas dessas organizações. Afinal de contas, a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, arte, saúde, educação, segurança, etc.

Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/rolezinho-questao-sociocultural-ou-caso-de-policia/75171/

9 comentários sobre “Rolezinho: questão sociocultural ou caso de polícia?

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